quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Revolução Industrial

3- O TEMPO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

            Outra questão a ser levantada e de essencial importância para a proposta aqui apresenta perpassa na possibilidade de fazer a análise da revolução industrial em uma perspectiva de tempo, ou seja, entender como o tempo mudou com a instauração do capitalismo na sociedade. Thompson (1998) retrata categoricamente essa questão demonstrando que o tratamento com as tarefas se tornam muito mais complexas com o advento da revolução industrial.
            A inclusão da mão-de-obra empregada modifica toda uma estrutura de economia familiar, pois o pequeno agricultor que antes podia se orientar pelas tarefas, existindo no interior de sua atividade rural a divisão de trabalho. Quando da alocação desse trabalhador em papeis e em disciplinas de empregador-empregado o tempo começa a se transformar em dinheiro, ou seja, a contratação da mão-de-obra real torna visível a transformação da orientação pelas tarefas no trabalho de horário marcado independente da utilização de relógio (THOMPSON, 1998).
            A difusão desse mecanismo traz a tona uma distinção entre o tempo do empregador e o tempo do empregado. O empregador utiliza o tempo de sua mão-de-obra para que ela não seja desperdiçada, o que predomina não é a tarefa, mas o valor do tempo quando reduzido a dinheiro, logo o tempo vira moeda e ninguém mais passa o tempo e sim gasta. Agregado a isso o instrumento que regulava os novos ritmos da vida industrial era uma das mais urgentes necessidades que o capitalismo industrial exigia para impulsionar seu avanço. (THOMPSON, 1998).
            O relógio não era apenas, mais útil, ele conferia prestígio ao seu dono “sempre que um grupo de trabalhadores entrava numa fase de melhoria do padrão de vida, a aquisição de relógios era um das primeiras mudanças notadas pelos observadores” (THOMPSON, 1998, p.279). A atenção ao tempo no trabalho depende em grande parte da necessidade de sincronização do trabalho, por conta da revolução industrial.
            Anterior ao processo da revolução industrial o padrão de trabalho sempre alternava momentos de atividade intensa e de ociosidade quando os homens detinham o controle de sua vida produtiva. Com o advento da revolução industrial criou-se artifícios, não agradáveis ao empregador, para “cabular” o tempo, como é o caso de ser considerada a segunda-feira como santa, o ritmo irregulares de trabalho, etc. Existindo dificuldades óbvias na natureza da ocupação dos trabalhadores, pois eles ainda não havia abandonado de todo as convenções da sociedade “pré-capitalistas”. (THOMPSON, 1998, p.279).
            A tentativa de impor o “uso-econômico-do-tempo” trouxe diversos desdobramentos,  entre eles a questão de disciplina dentro das fábricas, bem como o hábito de levantar cedo também introduz uma regularidade nas famílias, uma ordem na sua economia, outra questão foi a inclusão do registro de relógio de ponto que vai tentar controlar e disciplina mais ainda o tempo do trabalho dos empregados. (THOMPSON, 1998).
            Thompson (1998) intensifica o debate afirmando que o exame dessas condições não esta apenas nas mudanças na técnica da manufatura que exigem maior sincronização de trabalho e maior exatidão nas rotinas do tempo em qualquer sociedade, mas como essas mudanças são experienciadas na sociedade capitalista industrial nascente, estando preocupado simultaneamente com a percepção do tempo em seu condicionamento tecnológico e com a medição do tempo como meio de exploração da mão-de-obra.

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